O Reino do Arco-íris

O reino do Arco-íris
Por Alexandre Brito*

      Muitas das histórias presentes em nosso imaginário desde a infância se passam em reinos distantes, perdidos, encobertos por véus de mistérios. Em O Reino do Arco-íris não é diferente.
      Dudu Sperb mergulha no reino das palavras e resgata uma história tantas vezes contada à sua filha, e que, mesmo inventada para o seu particular deleite, contém uma significância estética para além do âmbito familiar.
       Na literatura voltada à infância tem-se a simplicidade como algo recomendável, desde que o simples não se confunda com o fácil, e a inteligência dos pequenos não seja subestimada. O Reino do Arco-íris passa longe disto.
       Neste lugar da linguagem a verve de Dudu Sperb alcança o que se costuma chamar de “a garatuja de Picasso”, a capacidade de dizer com singeleza e precisão aquilo e tão somente aquilo que deve ser dito, nem mais nem menos.
     Se é possível apontar como virtuosa a simplicidade do texto, não podemos dizer o mesmo das ilustrações de Dudu Sperb. Formado em artes plásticas pela UFRGS, maneja as monotipias com riqueza de elementos e excelência técnica. Aqui, ao contrário, a exuberância preponderantemente monocromática das imagens funciona como oposto complementar ao caráter lhano da escritura.
      Multifacetado, Dudu tem na música outra de suas artes. Isso talvez explique a naturalidade na lide de sua escrita com algo que se assemelha à reiteração de um estribilho ou à repetição enfática de um refrão, recurso que imprime notável modulação estilística ao ritmo do texto.
       A felicidade da obra não está apenas na sua relevância literária, mas por nos lembrar que não basta correr atrás do pote de ouro, precisamos experimentar os segredos do arco cromático para desvendar o mistério da Luz.
       O Reino do Arco-íris é uma jornada encantadora, com direito a surpresas coloridas a cada página.

* Alexandre Brito é escritor, poeta, compositor. Prêmio Cátedra Unesco de Literatura Infantil 2018. Integrou a Biblioteca Itaú Criança 2012, Açorianos de Literatura por duas vezes. Integra o Conselho Municipal do Livro e Leitura de Porto Alegre – CMLL.