De uma inquietação em busca pelo diferente e único, Clô Barcellos e Rafael Guimaraens fundaram a Libretos em 1998 na cidade de Porto Alegre. Ambos jornalistas, desejavam uma saída para dar visibilidade ao que entendiam ser relevante: o conteúdo que não encontravam no espaço em que habitavam. O estopim foi aceso quando Rafael escreveu uma história infantojuvenil chamada “O livrão e o jornalzinho”, em que há um embate entre os dois personagens. Essa metáfora sobre o papel da mídia (dos livros, da televisão e da internet – ainda embrionária) estabeleceu as bases da empresa que estava sendo gerada. O périplo realizado entre as editoras médias e pequenas para publicar aquele livrinho não deu resultado. Cada casa editorial tinha seus próprios planos, seu estilo, seu habitat. Dessa forma, os dois aprenderam do que são feitas as pequenas editoras: de um ambiente acolhedor de alcance relativo e uma força identitária enorme. E assim aconteceu a Libretos.
22 anos depois, apenas em 2019, a editora registra vinte lançamentos em um ano num montante de 20 mil exemplares. A maioria dos títulos é escolhida entre originais que chegam durante o ano, também por indicação e oportunidades de co-edição.
A meta da editora, em 2020, é sobreviver. No entanto, mantendo a fidelidade ao catálogo (com 100 títulos ativos) e ao seu modo de pensar. Porque a editora não é apenas uma pessoa jurídica; ela mesma constitui um personagem. Talvez a persona, no jargão de marketing. Tem corpo, veste-se de cores sóbrias (a logomarca é preto e branco), pretende-se contemporânea e atenta. Não trabalha com informação de massa. Tem nicho. E, de forma cooperativada, descobriu como satisfazer sua linha editorial e sua permanência digital e física no mercado.
A maior característica desta pequena marca é a força de seu terroir cultural. Aproveitando conceitos básicos da produção de vinhos, pode-se dizer que a existência da Libretos significa a relação mais íntima entre o conhecimento e o micro-clima particular, que concebe o nascimento de um tipo de livro que expressa livremente sua qualidade, tipicidade e identidade, sem que ninguém consiga explicar o porquê.